12 de junho de 2011

Antigos costumes

Digitei seu número rapidamente, em menos de dois segundos estava ali, na tela do celular uma sequência numérica que já havia me tirado noites de sono. Pelo tempo que precisei, esqueci o celular, o endereço, o andar.. e agora, depois de um tempo, me peguei digitando seu número como quem tem o costume de digitar um número qualquer, costumeiro. Mirabolei explicações pra conseguir entender o porquê daquilo, cheguei à conclusão simples e óbvia: mudei prioridades e assasinei velhos hábitos, o número eu sempre lembrei, mas a vontade é que não era a mesma, diferente de antes, eu quis esquecer.. e de menina teimosa que sou: quando essa menina decide uma coisa... ih! Ainda pensei em ligar pra saber da vida. Saber se tava tudo certo com o seu trabalho que tanto te tirava tempo, se os estudos continuavam puxados e se o bipe do seu celular já havia sido concertado. Deu vontade de saber se a camisa que você gostava tanto já tinha voltado a caber... bobagens! Involunturariamente, soube de todas as respostas. As suas respostas eram sempre as mesmas. As mentiras, as chateações, os desamores. Sua vidinha, que eu sempre idolatrei, sempre foi a mesma. E agora, de longe, depois de tanto tempo, eu imagino como deve ser chato. Uma vida de aventuras vazias, invenções sem cabimento algum. - Aprendi, foi díficil, mas eu aprendi. Ele nunca vai perder a importância, nunca vai ser pra mim uma lembrança esquecida, mas agora, até sempre, ele quis se tornar muito menos do que eu imaginei pra nossa história. Se ele nunca fez questão de construir comigo, memórias, me dei ao direito de parar de tentar. É doloroso olhar e ver que não restou nada além de um número na agenda do celular, mas é feliz, saber que nas minhas lembranças serei sempre tranquila, fiz o que pude. - Você não foi de longe, merecedor dos meus três minutos perdidos, mas me dei espaço pra fazê-lo ser, pelo menos, uma lembrança bonita.