6 de junho de 2011

à vontade

Eu tinha uma mania perigosa de querer saber o futuro das pessoas na minha vida, antes de elas se tornarem o presente. Às vezes, de tão perigoso que era, eu as fazia virar passado sem nem sequer permiti-las. "Todo mundo merece uma chance", eu li um dia aí, qualquer. Parei pra pensar em todas as pessoas que não me permiti conhecer por achar que eram normais, loucas, chatas, legais, assim ou assado demais, pra fazer parte da minha biografia. Sabe o primeiro arrependimento? Mesmo saindo depois de 5 dias, do meu círculo de vivência, o que será que elas seriam capazes de fazer por mim, para mim, comigo, sem mim? Será que elas poderiam ter mudado algo, hoje? E se aquele cara, que o signo dele não era compatível com o meu, que gostava de umas coisas que eu não gostava e não mereceu ser presente porque usava regatas e eu odiava meninos de regata, soubesse utilizar da inteligencia, do charme, e tivesse me feito conhecê-lo mais, suficiente pra eu esquecer aquele outro, que eu achava tão legal e fazia questão que ele fizesse questão de participar da minha vida, do meu mundinho, mesmo ele não fazendo questão alguma, de participar? Quantas pessoas não queriam o lugar dele, naquele momento? Quantos sorrisos poderiam ter sido melhor distribuidos? - Mas aí, depois de poucas horas de arrependimento, eu olhei pelo outro lado.. Como naquele dia que eu errei com a minha mania de apressar e prever tudo, que eu falei umas verdades e afastei de mim, por pura loucura, uma das pessoas mais especiais que eu já tinha conhecido, eu lembrei: já era, não era? já foi, num foi? já errei, num errei? Aprende então.  - Sempre abusei da minha intuição, mas hoje, olhei pro dia lindo, olhei pro telefone e pro tanto de vezes que eu tentei acertar, e decidi, ou melhor, aceitei: Eu nunca vou conseguir controlar a minha intuição e a minha vontade de antecipar o futuro, mas eu posso permitir. E à você, tão inocente, que não imagina o tanto que meu cerebro trabalha, quando você me elogia, eu vou me dá essa chance. Vou permitir o erro, a hora certa, o motivo, a ligação e até o inaceitável, vou permitir se fazer presente, quem sabe assim eu consiga, sem força alguma, manter um futuro sem suposições e mais realidade. A verdade é que estamos sempre nos cobrando demais por coisas que não estão sob nosso controle. Talvez eu seja sim, mais leve depois de uma decisão simples, ou talvez não. Mas como nos relacionamentos, nas escolhas também, eu vou poder dizer: "pelo menos eu tentei."